"Foi também Keynes quem previu e ajudou a preparar a "ânsia de segurança" que os europeus sentiriam após três decénios de guerra e colapso económico. […] Foi em grande parte graças aos serviços preventivos e às redes de segurança incorporados nos seus sistemas governativos do pós-guerra que os cidadãos dos países avançados perderam o constante sentimento de precariedade e medo que dominara a vida política entre 1914 e 1945.
Até agora. Pois há razões para crer muma mudança próxima. O medo está a ressurgir como ingrediente activo na vida política das democracias ocidentais. Medo do terrorismo, decerto; mas também, e talvez de forma mais incidiosa, medo da rapidez incontrolável da mudança, medo da perda de emprego, medo de perder terreno para os outros numa distribuição de recursos cada vez mais desigual, medo de perder o controlo das circunstâncias e rotinas da vida quotidiana. E talvez, acima de tudo, medo de que não sejamos nós que já não conseguimos moldar as nossas vidas, mas que também as autoridades tenham perdido o controle, para forças fora do seu alcance"
Tony Judt (2008) O século XX esquecido. Lisboa. Edições 70 [2009]
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