O chamado Modelo Social Europeu tornou-se possível entre 1947 e 1973 pela articulação de dois factores: a economia crescia uma média de 5% ao ano e a simples existência da URSS colocava o capitalismo de então numa posição favorável a cedências no Ocidente relativamente a segurança social, pensões de reforma, horários de trabalho, arte e tempos de descanso e fruição.
O processo gradual de desmantelamento desse modelo pelo novo capitalismo financeiro global -que inclui o capitalismo "autoritário" chinês - está em curso. Estou persuadido que dentro de 15 a 20 anos a geração que seguirá não terá nada que se pareça com isso e que o nosso modo de vida terá mudado radicalmente. Para que nova situação não sei. Mas boa parte do que se passa actualmente aponta nessa direcção.
Qual poderá ser o nosso papel, o da antes chamada "classe média" face a estas alterações? Assistir? Lutar? Como? No parlamento, quando decisões fundamentais neste processo são tomadas num quadro de exercício de poder invisível, sem rosto e, muitas vezes, mesmo por empresas privadas? Que fazer? Quem poderá escrever hoje um livro com este título?
Que novas formas poderá vir a ter a vida musical, sobretudo a das músicas minoritárias que não dão lucros, nem económicos nem simbólicos? Claro que haverá música. Mas é o seu enquadramento institucional que estou a referir. Onde iremos assistir a concertos?
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