Richard Taruskin é polémico, por vezes, agressivo e tempestuoso, cria inimizades e amiúde trava debates, ferozes por vezes, por essas razões.
E por uma outra: diz o que pensa e fazê-lo nem sempre é bem visto no elegante mundo em que vivemos. Aliás ele próprio afirma que o seu hábito não é definir uma agenda mas "upset agendas" [perturbar agendas]
Um exemplo. Começa deste modo o resumo do artigo de uma conferência que proferiu sobre Bartók na Hungria, publicada em 2006.
"The astonishing omission of Bartók - inadvertent, but justified by the editor ex post facto - from the recent Cambridge History of Twentieth-Century Music prompts reflection on why Bartok is such an indispensable figure in any adequate account of the music of this time - and after."
As omissões surgem normalmente dos países centrais que é onde se publica mais e, por vezes, melhor. Quem omite ou exclui, normalmente omite porque tem um programa inverso a cumprir: incluir outros e reproduzir visões e hegemonias já estabelecidas ou em formação. Taruskin defende no artigo que a razão principal na origem desta omissão é a germanofilia instalada e naturalizada da musicologia inglesa.
António Pinho Vargas
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